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      Esse é Rogério, meu pai e da Mariana, marido de Jacinta e filho de João e Edite. É feirante há mais de 30 anos e tem o maior orgulho e prazer de trabalhar nas feiras livres de Fortaleza.

       Na feira livre há aqueles que observam, pechincham e procuram algo específico, bem como há aqueles que criam laços de afetividade, próximos da amizade que rompe a relação comerciante-freguês, o que sustenta em grande parte a tradição de ir a feira toda semana, comer pastel e tomar caldo de cana, além da variedade e qualidade dos produtos ali encontrados. Todos nós temos uma história de identidade e memória de uma feira, seja no âmbito alimentar ou simples lazer.

      Minhas memórias nas feiras começaram cedo. Aos domingos, o dia livre da escola, meu pai me levava para a feira da Messejana para ajudar nas vendas e saber de onde vinha todo o conforto e educação que tinha, segundo ele. Tradicional ponto comercial em Fortaleza, seja para fazer as compras essenciais, visitar o setor das tapioqueiras, comer aquele pastel com caldo de cana ou panelada, a feira da Messejana é uma das maiores e mais conhecidas da cidade e reúne um grande número de feirantes que começam sua rotina ainda de madrugada por volta de 4 da manhã para que tudo esteja pronto para receber os fregueses logo cedo.

      Lá aprendi como é complicado armar uma barraca, que mostarda é uma semente, as várias funções da babosa, a diferença entre mel de abelha do mato e de apicultura, alguns costumes de pessoas mais velhas como, mascar fumo de rolo e cheirar rapé, e era pra ter aprendido a identificar as cascas e ervas medicinais que meu pai vende, mas infelizmente falhei até hoje (desculpa pai, são muitas). Com o tempo a gente já tira brincadeiras com os fregueses e sabe até os pedidos decorados de toda semana, além de descobrir que tem de tudo na feira, até o que eu nem sabia que existia.

       Nas férias, comecei a ir nas feiras da semana e sempre tinha algo que marcava, seja os vários DVD’s piratas que vendiam nas banquinhas do Jardim Iracema, que iam me acompanhar nas tardes quando chegava em casa, os pratinhos da dona Maria de toda feira no Álvaro Weyne, os óculos escuros que eu colecionava todos comprados na feira do Demócrito Rocha ou até mesmo os pastéis com caldo de cana comidos nas feiras acompanhados de fofocas vindo das mesas de amigos que comiam panelada com cerveja ao som de algum artista de rua tocando sua sanfona e cantando os forrós antigos.

       Com o tempo percebo as feiras livres como um organismo vivo que pulsa cultura, energia, diversidade, conhecimento, relacionamentos, cores e sou muito grato por todo o aprendizado e momentos vividos por lá.  E você, que tal criar suas memórias nas feiras livres?

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